Metanol: como médicos usaram cachaça como antídoto para intoxicação nos anos 1990
Sobe para 225 o número de casos suspeitos de intoxicação por metanol no Brasil Com o aumento dos casos de intoxicação por metanol em São Paulo e em outros...

Sobe para 225 o número de casos suspeitos de intoxicação por metanol no Brasil Com o aumento dos casos de intoxicação por metanol em São Paulo e em outros estados, o Ministério da Saúde anunciou a importação emergencial de 2.500 doses do antídoto fomepisol. A cena lembra um episódio trágico dos anos 1990, quando uma crise semelhante ocorreu na Bahia. Sem acesso a medicamentos específicos, os médicos da época recorreram à cachaça como forma de tratamento. O álcool comum competia com o metanol no fígado e impedia que ele se transformasse em substâncias mais tóxicas, salvando algumas vidas em meio ao caos hospitalar. "Ele [o paciente] recebe aquilo pela sonda nasogástrica. Os que estão melhores, a gente usa em copinhos”, relatou um dos profissionais à época, sobre o tratamento improvisado que salvou vidas em meio à crise. Em julho de 1990, 18 pessoas morreram na Bahia depois de uma festa em que beberam pinga adulterada com metanol. O caso foi amplamente noticiado e mobilizou hospitais públicos, que registraram dezenas de internações por sintomas graves de intoxicação, como perda de visão e desmaios. O tratamento era administrado por sonda ou em pequenos copos, sob supervisão médica, salvando algumas vidas em meio ao caos hospitalar. Trinta anos depois, o princípio segue o mesmo. Em casos emergenciais, o etanol, o álcool presente nas bebidas, ainda é usado quando o fomepisol não está disponível. Médicos calculam a dose exata, que pode até ser aplicada na veia, para impedir que o fígado converta o metanol em compostos letais. O método, curioso e perigoso, exige precisão científica e acompanhamento constante.